A cidade de Franca é internacionalmente conhecida e é destaque em vários segmentos da economia, do esporte e da história do país - a cidade do basquete, a cidade do calçado, a cidade do café, a cidade do diamante, a cidade do relógio do sol - mas o que faz dela ser a cidade mais linda deste país são as pessoas que nela vivem.
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Couromoda: o termômetro da crise

  
A crise financeira internacional, apesar do assombro inicial que causou e do impacto que ainda não se conhece ou se prevê, já é assunto batido. Nas filas de ônibus, na padaria ou nas salas de aula, todo mundo reconhece que o mar agitado ainda não fez todos os estragos que podia, embora os que já ocorreram tenham sido demasiadamente fortes.

Numa rápida caminhada pela Praça Barão, no Centro de Franca, qualquer pessoa ouvirá que determinada empresa fechou, demitiu ou diminuiu a produção. "A culpa é dessa crise que está aí", corre a conversa. Há expectativas de todos os lados, e elas não menores em relação à Couromoda 2009. A Feira Internacional de Calçados, Artigos Esportivos e Artefatos de Couro que começa amanhã em São Paulo sempre antecipou as tendências para as estações outono-inverno. Este ano, porém, mais que atrás de novos modelos, os milhares de lojistas e empresários que movimentarão o Pavilhão do Anhembi até sexta-feira estarão atrás da sobrevivência no mercado.

Até 2008, com pequenas variações sazonais na economia, era praticamente certo o retorno em feiras como a própria Couromoda ou a Francal, realizada em julho. Os pedidos de lojistas nacionais e estrangeiros, ainda que não cumprissem a meta esperada, acabavam sempre ocorrendo. Para este ano, no entanto, não há quem arrisque qualquer previsão ou palpite sobre os resultados do evento que se inicia. A queda das economias internacionais, de onde provêm parte significativa dos compradores e negociadores da Couromoda, formou uma nuvem de fumaça tão espessa, que nem mesmo o costumeiro otimismo dos organizadores consegue passar.

A Couromoda será o termômetro inevitável desse panorama. Os resultados obtidos a partir de negócios feitos durante o evento poderão dar a dimensão de como o segmento poderá ser ou já foi atingido pela crise. Em Franca quase a totalidade das empresas está parada. Não há esteiras funcionando, pedidos feitos e nem previsão de novos. É na Couromoda que o ano começa.

A indústria calçadista de Franca, com seus problemas tão conhecidos e debatidos, ainda não acordou para o problema. A demissão de mais de 300 funcionários do Grupo Amazonas recentemente é apenas um dos sintomas de que estamos em rota de colisão com a crise que assola o mundo. Reproduzindo as palavras de Zdenech Pracuch, talvez o mais respeitado consultor para o ramo de calçados no mundo, em palestra neste jornal no início de dezembro passado, a crise será tão mais forte quanto mais ineficiente for a gestão empresarial.

Por outro lado, não há cenário favorável que dê jeito quando os olhos se fecham para a modernidade e para a ousadia. A tão falada crise, nestas condições, certamente irá reverberar de forma muito mais contundente sobre nossos empresários.


Publicado pelo jornal Comércio da Franca
Domingo, 11 de janeiro de 2009